sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Querido Deus!‏

Querido Deus, nossa única força mor do universo. Mesmo que para alguns, você inexista, tomei a liberdade de escrever estas humildes palavras, para informar-lhe sobre algumas coisinhas um tanto quanto fora da ordem. Minha intenção era falar de fatos absurdos que ocorrem no mundo, mas fui surpreendido com algo também horripilante: Com 27 dias parlamentando e não parlamentando, mais gordo salário de 16 mil/mês, mais todos os extras que o cargo tem direito, mais outras mordomias que não sabemos ao certo, as vagas temporárias para suplentes foram abertas em Brasília, mais precisamente na Câmara dos Deputados. Esses suplentes assumem com todos os direitos, mas pouco trabalho. São os suplentes de mandato “tampão”. Eles substituem os combatentes parlamentares que renunciaram para assumir outras funções fora da Câmara. Entram com todos os direitos, que nós, reles assalariados permitimos e podem até contratar mais funcionários temporários. Tem que ser assim, afinal de contas o Congresso está parado, “tá tudo de férias”, enquanto nós, reles assalariados só temos direito á férias uma vez por ano e sem dinheiro. Dizem que lá “pros lados do congresso tá tudo moscando”. Até agora, são 30 recém-chegados. Dizem que fizeram até juramento. Eu disse juramento e não nós jumentos: “Prometo manter, defender, cumprir a Constituição e observar as leis”. Essas coisas que ouvimos, mas que em pouco tempo todo mundo se esquece, sobretudo quem jurou. Se fosse verdade juramentar, nunca daria tempo. Digo e repito; a passagem é rápida e bem remunerada, R$ 16,5 mil, pago proporcionalmente ao tempo em que eles ficam no cargo. Tem cota de Correio, telefone, passagem aérea e dinheiro para contratar funcionários e muita pompa. Adorado Deus, será que é por isso que dizem sobre você ser brasileiro? ...enquanto isso na pontinha da tabela, nós, reles assalariados, continuamos assistindo: favelas dominadas por bandidos, religiões enganando fieis, mortalidade infantil, bebês jogados no lixo, insegurança e medo, enchentes que matam, mortes de inocentes que continuam impunes, criança sem escola, na fila da esmola, povo desdentado, jogado ao relento, sem saúde, sem habitação, sem rede de esgoto, energia, água, impostos e outros serviços caríssimos e nada que possamos fazer. Querido Deus, este é o preço alto que pagamos, por sermos seus filhos mais pobres. Pior ainda é aceitar e sermos considerados o povo mais alegre do planeta. Por enquanto é só, se houver alguma mudança dentro dos próximos cem anos, voltarei a informar.

Nenhum comentário: