sexta-feira, 29 de abril de 2011

Atos poéticos da culinária‏

Quando saímos da costumeira, procuramos outros meios, mergulhamos de cabeça n’outros hábitos, que também viram costumes, diferente de cozinhar, considerada a melhor de todas as variáveis formas de viver sem rotinas. Cozinhar um alimento é como cuidar de um filho recém chegado ao mundo, requer habilidades para que dê tudo certo; primeiros carinhos, cores, amores e acima de tudo higiene. Algo sagradamente maravilhoso que se exporá com muita pompa, para que alguém muito sensível saiba apreciá-lo. A terapia da culinária faz-nos inspiradores quando estamos preparando algo, usando e se usufruindo de sabores, viajamos por muitos lugares. Faz-nos inspiradores envolvidos entre folhas, temperos, cereais, legumes e que cada dia, admiramos as formas que a natureza oferece-nos. O ato de cozinhar faz qualquer alma e m depressão, esquecer seus problemas, pois, dos aromas podem sair grandes obras e soluções. Eu penso só, todos os dias, acompanhado de mim mesmo, quando estou cozinhando, muito embora, me omita em dizer sobre meus segredos e preparos. Relembro o que falam as mãos, o que ouvem as palavras, o que respondem os olhos, para que estes decifrem o que todos pensam sobre o que estamos vendo, mas não queremos acreditar, quando diante de tantos cardápios. Eu penso só, quando estou entre aromas, acompanhado dos meus problemas, mas preocupado com a fome e miséria coletiva. São horas e horas se deliciando, imaginando cada segredo de cada componente: O alho aromatizante curador de feridas, antimaléficos, necessário não é excrescente e nem bugalho, realça. A cebola desinfetante, deprecia mágoas, mas chora branquinha, ou fica roxa, quando lhe tiram a pele, um toque feminino. O tomate coagulante, quando verde é comunista ecológico e menstrua vermelho com tempo de vida, dá v ida ao preparo. O pimentão, tão grandão desenferrujante, removedor de indesejáveis banhas, não apimenta e nem esquenta a relação, mas parceiro na síntese e decoração. O coentro verde anafrodisíaco, respeitoso na castidade, ansioso por não ter devoção, apetitoso não dança salsa. A salsa desodorizante, concorrente do coentro, mas afrodisíaca e ao mesmo tempo, terrivelmente favorável ao aborto. Aviso: Não cozinhar sem saber o que vai comer, ou deixar de comer algo que alguém lhe diga para jamais experimentar. Não confundir hábitos e costumes com paladar.

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