"...quisera eu sonhar um dia, que o mundo fosse um perfeito mar-de-rosas, sobretudo para quem trabalha ou já trabalhou a vida inteira neste Brasilzão..." "...quisera eu poder conhecer um dia, alguém que nunca se quer tenha se convalescido de pelo menos uma simples gripe neste Brasilzão..." "... quisera eu poder dizer um dia exclamativamente orgulhoso, aos meus filhos, aos meus netos e para as futuras gerações: sou um aposentado com muita honra aqui neste Brasilzão!..." Estas e outras frases foram extraidas de uns escritos jogados no lixo, cujo autor se identifica apenas pelo nome de José Severino. No texto completo, o autor demonstra total indignação quanto à situação do aposentado. Falando em aposentado, lembrei-me da Feijoada, é assim que um grande sindicalista estivador de Santos apelidou, com todo respeito, o a posentado e pensionista brasileiro. Poderia ser melhor se fosse pelo menos feijoada completa, mas sempre falta algum ingrediente. Não a gordura, a pelanca, o couro do porco ou o pêlo. Falta o feijão, a carne sêca, o paio, o “baicon”, e outros complementos nobres deste prato cobiçado por pessoas do mundo inteiro, tipicamente da nossa culinária. Quando os senhores feudais na época da escravidão matavam um porco só queriam saber das partes mais sofisticadas do bicho, o restante era oferecido aos escravos que eram tratados como lixo. A feijoada completa é hoje, algo que os senhores feudais na época da escravidão, jamais poderiam imaginar que fosse fazer tanto sucesso. O aposentado, independente do seu ganho, independente da categoria de trabalho que pertenceu, independente da sua posição social, merece total respeito. Afinal, são anos e anos de muitas batalhas para continuar sobrevivendo neste país, tão cheio de contrastes sociais; a má divisão de renda, o desemprego, os inumeráveis escândalos políticos e a violência crescente que nos assustam.
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