quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Apocalipses urbanas


Tem coisas que nem devemos querer saber, outras que nem queremos aprender, outras que nem queremos querer conhecer pra não ter de saber o que não fazer. Física com fundamentos, pra poder desfundamentar, dexatidar. Ciência com conhecimento, pra desrespeitar, desprevalecer. Geometria com conceituação, pra desteoremizar, desformalizar. Literatura com criação, pra desrimar, desentender. Geografia com fenômenos, pra desocupar, desapropriar. Biologia com seres vivos, pra desmatar, desobedecer. Matemática com conhecimento, pra desnumerar, desmultiplicar. História com testemunho, pra descontar, desmerecer. Português com língua falada, pra desortografar, despontuar. Língua com comunicação, pra desenrolar, desaprender, Informática com informação, pra desmegabetizar, descomputadorizar. Tem coisas que queremos dizer, outras que não queremos ouvir, outras que nem queremos querer discutir, pra dizer o que não se quer ouvir. A água vai se evaporar, a terra vai desabar. O mundo vai se acabar, o homem vai destruir ruas, vielas, vilas, cidades de pernas pro ar. Febres que se avizinham, a praga vai persistir, crianças não nascerão, outras que irão chorar. Crateras que se abrirão, tudo deixará de existir, culpa da irracionalidade, haveremos de racionalizar, sem tempo pra curar as feridas, haveremos de não existir. Tem fatos que nos calam mudos, fatos que pensamos como o olhar, a destruição da natureza, um fato que corta na garganta, razão pra querer salvar. Enquanto houver tempo, para poder querer ou não querer, sobreviver é preciso, ainda que possamos viver.
 

Nenhum comentário: